Revolução industrial
Ademar Ribeiro Romeiro
Professor do Departamento de Economia da UFF/RJ
RESUMO
Este texto aborda questões relativas às transferências nas práticas agrícolas ocorridas na Europa dos séculos XVIII e XIX. Enfocando especialmente a Inglaterra, o autor aborda questões relativas à distribuição demográfica entre a cidade e o campo. A colocação de novos instrumentos e a falta de fertilizantes são aspectos analisados neste trabalho. A coerência das transformações é considerada em paralelo à Revolução Industrial.
As mudanças ocorridas nas práticas agrícolas nos séculos XVIII e XIX na Europa, configurando o que foi chamado por muitos de 1ª Revolução Agrícola, estão intimamente ligadas com os fatores que deram origem à Revolução Industrial. Trata-se do aperfeiçoamento e generalização de um sistema de cultura conhecido há muito tempo mas que, por uma série de razões que iremos examinar, teve sua difusão bloqueada por séculos. A grande novidade deste novo sistema de cultura em relação ao sistema em uso consiste na ausência de "pousio". O "pousio" era um método econômico de controle de ervas daninhas e de preparação do solo para o cultivo de cereais. A parcela de terra que antes ficava em "pousio" para ser trabalhada será agora cultivada com espécies vegetais cujas características biológicas (morfologia, tipo de enraizamento, etc.) e os tipos de cuidados que necessitam cumprem as mesmas funções de preparo do solo. Estas novas culturas deverão, por conseguinte, deixar o solo em estado de receber uma cultura de cereal.
As novas espécies de plantas utilizadas são raízes (beterraba, nabo, etc.) e tubérculos (batata, depois da descoberta da América), plantas industriais, (têxteis e tintoriais) e diversas variedades de leguminosas. Os dois primeiros grupos de plantas exigem, além de solos muito bem preparados, um trabalho contínuo de capina até quase a colheita, deixando a terra em ótimo estado para a