Revolução de Avis
Assim, Portugal tornou-se passagem obrigatória no caminho que levava do Mar Mediterrâneo ao Mar do Norte e vice-versa. Essa posição privilegiada impulsionou grandemente o crescimento econômico da burguesia mercantil portuguesa.
Entretanto, se por um lado a crise beneficiava a burguesia, por outro dizimava a população rural.
Esta última sofria diretamente com as guerras e com a peste. Quem não sucumbia a alguma dessas duas adversidades, ou revoltava-se ou migrava para as cidades. O êxodo rural tornou-se imenso e, para freá-lo, o rei lusitano Afonso IV proclamou a Lei das Sesmarias.
De acordo com essa legislação, os proprietários de terras não-cultivadas perdiam o direito a elas. Ou seja, a lei fazia com que os latifundiários se vissem na obrigação de impedir a migração dos camponeses, garantindo assim a produtividade das terras e, portanto, sua manutenção.
Tal medida, que prejudicava a nobreza proprietária favorecia claramente a burguesia, mostrando sua influência junto ao rei.
Portanto, o momento era, em todos os sentidos, bastante próspero para a classe burguesa, que usufruia de um período de ascensão em meio à crise geral. Em 1383, o último rei da dinastia de Borgonha, D. Fernando I, morreu sem deixar herdeiros.
A ausência de descendentes reais lançou Portugal numa séria crise monárquica, cujos desdobramentos só viriam a provar a hegemonia burguesa na nação. Instaurou-se dois grupos rivais na disputa pelo trono: de um lado, Dona Leonor Teles (viúva de D. Fernando), que comandava o grupo apoiado pela nobreza tradicional, defendia a união de Portugal ao reino de Castela; de outro lado, D. João (Mestre de Avis e irmão ilegítimo de D. Fernando), que encabeçava o grupo apoiado pela burguesia, pela nobreza militar e pelas