Revolta dos Malês
A Revolta foi planejada por um grupo de africanos muçulmanos — negros de origem haussa enagô, chamados de malês, devido ao fato de que, em ioruba, muçulmano é imale — formado,dentre outros, por Ahuma, Pacífico Licutan , Luiza Mahin, Aprício, Pai Inácio, Luís Sandim,Manuel Calafate, Elesbão do Carmo, Nicoti e Dissalu. A data escolhida, o amanhecer de 25 de janeiro, coincidia com um dia importante do ponto de vista religioso: o fim do mês sagrado muçulmano, o Ramadã, e dos tradicionais festejos religiosos dedicados a Nossa Senhora da Guia, que manteriam ocupados os católicos.O objetivo da conspiração era libertar seus companheiros islâmicos e negros em geral e matar brancos e mulatos considerados traidores. Uma meta que traduzia a complexa combinação entre escravidão negra e perseguição religiosa, imposta pelos colonizadores católicos.
Dois aspectos singulares influenciaram todo o processo. Em primeiro lugar, diferentemente da grande maioria dos negros (que compunham mais da metadedos cerca de 20 mil habitantes de Salvador) os malês sabiam ler e escrever em árabe. Além disso, boa parte dos líderes da Revolta, era formada por “negros de ganho” (escravos que faziam serviços urbanos, artesanato ou vendas, recebendo algo por isso) o que não só facilitava sua circulação pela cidade, mas também possibilitou que muitos deles comprassem sua alforria e, nos meses que anteriores à Revolta, adquirissem armas.Nos dias que antecederam o levante, notícias davam conta de uma intensa movimentação, sobretudo de escravos vindos do Recôncavo Baiano para Salvador. Viria unir-se ao líder Ahuma, que havia sido preso e estava sendo brutalmente castigado. Além disso, o respeitado Alufá Pacífico Licutan,vítima de constantes maltratos por parte de seu “senhor”,também encontrava-se preso