Rev. 30
O artigo do Luciano Martins trás uma discussão sobre a interpretação da revolução de 30. A questão central da sua discussão é o questionamento de uma interpretação que atribui caráter episódico ao contexto. Na parte inicial do seu texto, Martins apresenta alguns elementos da percepção que se tem sobre a revolução de 30 que a apontam como indicadores de ruptura, e assim, uma revolução.
A questão inicial do texto do Luciano Martins diz respeito ao fato de ter se tornado tradição considerar a revolução de 30 como um marco na historia do país, e por isso ser considerada referencia de periodização das evoluções do Brasil, seja na dimensão econômica, social, ou política. O autor apresenta duas observações a respeito desse marco consolidado pela tradição: considerar um acontecimento político como marco de periodização nem sempre se dá pelo fato do próprio acontecimento, mas à aos fenômenos que ocorreram em torno dele ou ao processo que supostamente ele inicia; e, o fato de não ser difícil aceitar que a revolução de 30 realmente tenha gerado mobilização e incorporado mudanças políticas sem precedentes no Brasil.
Em seguida, Martins aponta alguns indicadores de ruptura que justificariam a expressão “revolução” para designar ora processo, ora o episódio político específico. Chegando, inclusive, a atribuir à revolução de 30 como sendo uma revolução democrático-burguesa no Brasil. A partir disso, o autor questiona esses elementos, e assim apresenta que essa ruptura não foi consumada na revolução de 30, e questiona também o próprio sentido da revolução.
O autor apresenta como sendo o objetivo do seu artigo; desenvolver, de forma mais recorrente do que propriamente sistemática, algumas observações (1) sobre o significado político da Revolução de 30, considerando-se os interesses nela envolvidos e as mudanças políticas operadas no país, e (2) sobre a natureza da relação, em 30, entre a dimensão política (conflito