Retórica
A Retórica surgiu na antiga Grécia, ligada à Democracia e em particular à necessidade de preparar os cidadãos para uma intervenção ativa no governo da cidade. No início esta não passava de um conjunto de técnicas de bem falar e de persuasão para serem usadas nas discussões públicas. Foi desenvolvida pelos sofistas que a ensinaram como verdadeiros mestres.
A Retórica era antes de mais o discurso do Poder ou dos que aspiravam a exercê-lo. O discurso retórico visava a ação, por isso se propõe persuadir, convencer os que escutam da justeza das posições do orador. A maioria dos sofistas desprezavam o conhecimento daquilo que discutiam, contentando-se com simples opiniões, concentrando a sua atenção nas técnicas de persuasão.
Foi sobretudo contra este ensino que se opuseram Sócrates e Platão. Ambos sustentaram que a Retórica era a negação da própria Filosofia. Platão estabelece uma distinção clara entre um discurso argumentativo dos sofistas que através da persuasão procura manipulação os cidadãos, e o discurso argumentativo dos filósofos que procuram atingir a verdade através do diálogo, pois só esta importa.
A Filosofia surge assim como discurso dirigido à razão, e não à emoção dos ouvintes. Não se trata de convencer ninguém, mas de comunicar ou demonstrar algo que se pressupõe já adquirido - a Verdade de que o filósofo é detentor.
Aristóteles foi o primeiro filósofo a expor uma teoria da argumentação procurando um meio caminho entre Platão e o Sofistas, encarando a Retórica como um arte que visava descobrir os meios de persuasão possíveis para os vários argumentos.
É neste quadro definido por Aristóteles que a Retórica irá evoluir, confinando-se a uma arte de compor discursos que primavam pela sua organização e beleza (estética), desvalorizando-se a dimensão argumentativa cultivada pelos sofistas.
Esta arte conheceu um grande desenvolvimento na época helenística. Em Roma, Cícero (político e brilhante orador, do séc. I a.C),