Retratos da leitura no Brasil 3
Zoara Failla - organizadora
Em princípio, só numa sociedade igualitária os produtos literários poderão circular sem barreiras, e neste domínio a situação é particularmente dramática em países como o Brasil, onde a maioria da população é analfabeta, ou quase, e vive em condições que não permitem a margem de lazer indispensável à leitura. [...] Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igualitarização há aumento sensível do hábito de leitura, e portanto difusão crescente das obra1s. - Antonio Candido
A pesquisa Retratos da leitura no Brasil, aplicada pela terceira vez, em 2011, em âmbito nacional, nomeia este livro, que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo tem a honra de coeditar. Esse levantamento vem sendo promovido pelo Instituto Pró-Livro, resultando em questionamentos que extrapolam os aspectos mercadológicos. A ideia é analisar indicadores que permitam orientar programas e projetos de inclusão cultural da população brasileira, além de identificar fatores que levem à leitura e promovam o acesso ao livro em grande escala.
Leem mais aqueles que pertencem às classes sociais privilegiadas. Mas, por outro lado, políticas públicas, como a distribuição gratuita de livros a escolas e o abastecimento de bibliotecas têm se mostrado insuficientes para incidir significativamente sobre os números dessas estatísticas.
É sabido que a escola é centro de formação de leitores, com o respaldo do professor, de sua atuação e métodos de estímulo. Retratos da leitura no Brasil confirma que a mãe que lê para os filhos exerce influência fundamental no futuro leitor. É triste a constatação de que à medida que deixam de ser alunos, o índice de leitura diminui de maneira tão drástica.
A tabulação dos dados traz à tona mais perguntas do que respostas quando se examina o desempenho do leitor brasileiro. Qualquer decréscimo é lamentável se consideramos a leitura importante ferramenta civilizatória, de inclusão social ou mesmo de humanização,