Resumo
Belém
2013
COERÊNCIA TEXTUAL: UM PRINCÍPIO DE INTERPRETABILIDADE
KOCH, Ingedore V. Ler e Compreender. São Paulo: Contexto, 2006 (216 páginas).
Ao lermos ou ouvirmos alguns textos, manifestamos nossa avaliação: isso faz sentido, é coerente; aquilo não faz sentido, não é coerente. De um modo geral, tentamos produzir sentidos para o que lemos ou ouvimos, recorrendo aos nossos conhecimentos sociocognitivo-interacionalmente constituídos. Produzimos sentidos para o texto, apesar e a partir mesmo do que se nos apresenta como “incoerência”, pois os nossos conhecimentos lingüísticos, enciclopédicos, textuais e interacionais permitem-nos a construção da coerência. O que é coerência textual?Inicialmente, os dois conceitos [coesão e coerência] praticamente se confundiam e, por isso, os dois termos eram, muitas vezes, usados indiferentemente. Mas à medida que se modificava a concepção de texto, eles passaram a diferenciar-se de forma decisiva.
O primeiro passo foi constatar que a coesão não é condição necessária nem suficiente da coerência: as marcas de coesão encontram-se no texto (“tecem o tecido do texto”), enquanto a coerência não se encontra no texto, mas constrói-se a parti dele, em dada situação comunicativa, com base em uma série de fatores de ordem semântica, cognitiva, pragmática e interacional. Na e para a produção de sentido do texto, é preciso que o leitor ative conhecimentos previamente constituídos e armazenados na memória. A coesão por si só não é responsável pela coerência textual, porque a coerência não está no texto, mas é construída pelo leitor com base em seus conhecimentos e na materialidade lingüística do texto. Em um segundo momento, todavia, percebeu-se que a distinção entre coesão e coerência não podia ser estabelecida de maneira radical, considerando-se ambas fenômenos independentes. Por quê? Nem sempre a coesão se estabelece de forma unívoca entre elementos presentes na superfície textual, fato esse que exige do