Resumo
Críton - que é um dos seus melhores amigos, e é também um de seus discípulos - vai visitá-lo antes do amanhecer. Contudo, encontra seu amigo num sono tão doce que resolve não interrompê-lo. Senta-se e aguarda que Sócrates desperte por si mesmo, e então começam a conversar. Fora decidido que o filósofo morreria no dia seguinte ao da chegada de um certo navio de Delos.
Críton vem informar que tudo indica que o navio chegará naquele mesmo dia. Sócrates, porém, crê que o navio só chegará no dia seguinte, de acordo com um sonho que teve e que considera uma mensagem dos deuses. Neste Sonho Sócrates via perto de si, uma mulher alta e bela, estava vestida de branco e chamava por ele, dizendo que em três dias estaria na fértil Ftia. Ambos acharam o sonho esquisito.
De qualquer modo, Críton expõe a razão de sua ida à cadeia: Pretende convencer seu amigo a fugir da pena, e apresenta seus motivos:
Temia a desventura de ser privado para sempre de tão estimada amizade, cuja perda ninguém poderia suavizar o sofrimento;
Temia a má reputação que lhe trará a morte de Sócrates, pois ninguém acreditaria que este se recusou a fugir por decisão própria; todos pensarão que seus amigos não se propuseram a gastar algum dinheiro (subornando os guardas, contratando bandidos para protegê-lo e providenciando sua partida para outra cidade) para vê-lo livre e, desta forma, prezando mais o dinheiro que o amigo.
Se Sócrates se recusava a fugir temendo que seus amigos pudessem ser punidos por esse motivo, não precisava se preocupar, pois seus amigos estavam dispostos a correr riscos para vê-lo livre da morte.
Críton garante que não é grande a quantia necessária para consumar o plano; seu próprio patrimônio é suficiente e há ainda muitas outras pessoas dispostas a colaborar. Também não deve se preocupar com seu sustento no exílio, pois Críton tem amigos ricos e influentes na Tessália, que proverão tudo de