Resumo

UFBA – INSTITUTO DE LETRAS
LET E42 – OFICINA DE LEITURA E PRODUÇÃO D ETEXTOS II
DATA: 09 / 11 / 2014
DOCENTE: JACQUELINE PACHECO
DISCENTE: ANA RITA CARVALHO DE SOUZA

ATIVIDADE PONTUADA – RESUMO
Leia os parágrafos iniciais da Nota do Autor do livro “Clarice Lispector Comparada”, do escritor Luciano Rodrigues Lima (Salvador: EDUFBA, 2008).
Quem nos fala do espanto, do vazio do abismo, do mal-estar, do passo em falso, do inferno e do paraíso de si mesmo é Clarice Lispector. Precisamos de Clarice. E quem faz a língua portuguesa se esgueirar na expressão dos sentimentos indefinidos, das ânsias, dos limiares, da queda, e se esgarçar até a ruptura na representação dos estados de náusea existencial é, ainda, Clarice. Necessitamos de Clarice, também, para nos mostrar o lado profundo e tenebroso da infância, que não aparece nos comerciais de margarina nem nos disquinhos de Xuxa. E quem nos irá mostrar a sexualidade feminina cor-de-rosa, mística e dissimulada, de água e de fogo, por dentro?
Clarice, ainda que pareça, não constrói a si mesma do nada. Sim, claro. Ela o faz interrogando a vida diretamente, como os gregos. Pura filosofia. Existencialismo, misticismo, intuição, etc, etc... Mas ela é, também, uma das mais autênticas apresentações do que se chamou vagamente de modernismo ou arte do século XX, no Brasil. Virgínia Woolf, [...], Katherine Mansfield, [...], Susan Glaspell, […], A.S. Byatt [...], todas essas escritoras devem muito a Clarice Lispector, pois ler Clarice desperta o interesse por outras escritoras-conscientizadoras de outros tempos e lugares. A obra de Clarice, assim, altera a leitura e, por conseguinte, a obra dessas escritoras, e de outras também: Natalie Sarraute, François Sagan, Simone de Beauvoir, Kate Choplin, Margareth Atwood, Doris Lessing, Judith Grossmann, e outras, tanto precursoras quanto continuadoras da escrita feminina. Não fosse o Brasil uma potência no futebol, dificilmente nos interessaríamos pelo futebol de outros países. A