Resumo
Capítulo aborda a influência indígena sobre a língua portuguesa do Brasil. Percorre obras clássicas e pesquisas modernas para apresentar os contextos cultural, histórico, social, político e econômico que contribuíram para a formação e desenvolvimento do português no Brasil. Tece algumas considerações sobre as comunidades indígenas existentes na América antes da chegada dos portugueses. Destaca que, embora os índios compusessem um conjunto culturalmente homogêneo, formavam grupos regionais diferenciados. Os tupis, por exemplo, viam de forma pejorativa os jês. Essa visão foi reproduzida pelos portugueses e jesuítas. Na sequência, o autor descreve a relação do povo indígena com os colonizadores portugueses e relata como esse contato foi devastador para os índios. Analisa como o tupi tornou-se o idioma de comunicação na Colônia, fazendo surgir a chamada “língua geral”. Estabelece uma distinção entre uma língua propriamente indígena e uma língua de base tupi. Acrescenta que os casamentos de mulheres índias com os portugueses contribuíram para a difusão do tupi. A estrutura familiar era formada por mulheres que só falavam tupi e homens bilíngues. Os filhos do sexo masculino aprendiam o tupi como língua materna e o português com o pai ou com os jesuítas. Já as filhas, por terem uma vida mais restrita ao convívio doméstico, tinham pouco contato com o português. Examina as razões pelas quais os jesuítas optaram por catequisar os índios no idioma indígena e como isso contribuiu para difundir a língua geral na Colônia. Explica que o português continuava sendo empregado, haja vista ser o idioma oficial, obrigatório na administração pública e na justiça. O autor analisa, então, os motivos que levaram ao declínio da língua geral. Ressalta que seu uso estava associado à intensa utilização do trabalho indígena e à presença das missões