Resumo informativo
O ensino dos gêneros complexos da escrita, na escola, requerer a oralidade letrada do professor porque tal ensino se processa na interação face a face; assim, está em questão a eficiência da prática oral do professor na construção de saberes sobre a escrita. Estudando esse tema sob o ponto de vista da oralidade letrada de professoras alfabetizadoras, a competência estaria na capacidade docente para relacionar elementos implicados na construção dos sentidos em contextos situados, o que remete a noções de competência comunicativa proposta por Hymes (1966 ) e ressignificadas por Gumperz (1982 ). Na busca de compor um modelo analítico da oralidade letrada docente, complementam-se essas noções com discussões sobre gênero, tomado como elemento integrador de conhecimentos e estratégias no que respeita à prática social.
O conceito de competência comunicativa (HYMES, 1966; GUMPERZ , 1982 ) – distinto do conceito de competência discursiva (MAINGUENEAU, 1996 ) –, considerando elementos como possibilidade (o que pode ser dito no sistema linguístico), adequação (o que pode ser dito no contexto da situação comunicativa), viabilidade (o que pode ser dito a partir dos recursos e meios disponíveis na situação), realização (o que é de fato dito/feito), permite descrever analiticamente a fala das alfabetizadoras focalizadas neste estudo, a qual obedece a restrições normativas da instituição e do gênero. Em relação à crítica feita ao conceito de competência comunicativa com base na dicotomia chomskiana competência X desempenho, importa registrar que Hymes contestava o formalismo e a concepção de comunidades de fala homogêneas; de todo modo, Gumperz (1982 ) redefiniu o conceito na busca de equacionar eventual separação entre contexto social e capacidades individuais, o que era objeto de crítica às