Resumo fato social
É impossível definir o fato social pela sua generalidade no interior da sociedade, generaliza-se por ser social. São as maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a notável propriedade de existir fora das consciências individuais. A consciência pública reprime todos os atos que as ofendam através da vigilância que exerce sobre o comportamento dos cidadãos e das penas especiais de que dispõe. A coerção não é menos eficaz por ser indireta. Nem toda coerção é normal. Só há fatos sociais onde houver organização definida. As correntes sociais têm a mesma objetividade e o mesmo predominio sobre o indivíduo. A educação tem por objetivo fazer o social. A sociedade exerce uma pressão sobre a criança que tende a moldá-la à sua imagem. Um fato social é constituído pelas crenças, tendências e práticas do grupo tomado coletivamente. O hábito coletivo não existe apenas em estado de imanência nos atos sucessivos, exprime-se numa fórmula que se repete de boca em boca, transmitida pela educação (que se fixa mesmo por escrito). O fato social é distinto das suas repercussões individuais. Os fenômenos sociais, quanto às suas manifestações privadas, têm algo de social, uma vez que reproduzem, em parte, um modelo coletivo. Um fenômeno não pode ser coletivo se não for geral (é geral porque é coletivo). Um sentimento coletivo, que se manifesta numa assembléia, é uma resultante da vida comum e se ressoa em cada uma das reações entre as consciências individuais. Cada um é arrastado pelos outros. Um fato social reconhece-se pelo poder de coerção externa que exerce e a presença desse poder se reconhece pela existência de uma sanção determinada. Podemos defini-lo, também, pela difusão que tem no interior do grupo, de acordo com as observações precedentes, desde que se tenha o cuidado de acrescentar como segunda e essencial característica que ele existe independentemente das formas individuais que toma ao difundir-se. A sociologia não pode desinteressar-se