Resumo do Texto "Cultura e cultura"

Em seu livro “Cultura com Aspas”, a autora Manuela Carneiro da Cunha diferencia através de suas experiências etnográficas, o sentido de “cultura” e cultura (sem aspas). A ideia apresentada é que gira em torno das implicações da apropriação do conceito antropológico de cultura (grafado sem aspas para conotar algo como a cultura “em si”) pelos povos que foram tradicionalmente estudados pela Antropologia. O que acontece quando esses povos passam a falar de sua própria “cultura” (agora grafada com aspas, para conotar a cultura “para si”, uma meta-cultura). Evidencia que cultura (sem aspas) se refere a uma lógica interna a uma dada sociedade (com todos os problemas dessa noção) enquanto “cultura” se refere a uma lógica interétnica (i.e., uma relação entre diferentes sociedades, como quando a palavra “cultura” permite que membros de uma dada cultura falem sobre sua própria cultura).
Segundo a autora há uma imaginação limitada que está na base dos dispositivos nacionais e internacionais sobre o conhecimento indígena. Essa imaginação limitada remete a uma noção de “cultura” da qual o conhecimento é apenas uma das manifestações. Nesse sentido, depende de como se entende “cultura” para ser concebido o modo intelectual indígena. A “cultura” se originou na Alemanha setecentista e a priori estava relacionada á noção de alguma qualidade original, um espírito ou essência que aglutinava as pessoas em nações, e também separaria as nações umas das outras. Era também relacionada á ideia de que essa originalidade nasceria das diferentes visões do mundo em relação aos vários povos, ou seja, os povos seriam os outros dessas visões que permanecem como autoria coletiva e endógena até hoje.
Cunha avalia que postular direitos costumeiros deve reger a alocação e a distribuição de benefícios no âmbito interno, como faz a maioria das legislações nacionais, é uma maneira de tentar separar o contexto interno do externo. Então é necessário, segundo o texto, distinguir a estrutura interna dos