Resumo do livro: 10 lições sobre Maquiavel (6ª lição)
Na sexta lição, Barros observa a polis sendo investigada em toda a tradição ocidental, por vários filósofos sob uma perspectiva idealista do dever ser político, onde as normas baseadas em princípios morais existiam para criar uma sociedade justa. Platão é citado como exemplo dessa postura normativa, com sua idealização do Estado perfeito, visível em sua obra: A República.
Na Idade Média, tem-se o cristianismo dando uma nova roupagem a essa sociedade ideal. Onde a ética da Igreja – com estrutura de uma ordem universal, harmônica e pacífica – é associada à prática política. Com isso, era considerado como bom monarca quem conduzia o governo com justiça e magnanimidade nos atos, deixando a preocupação com os interesses diretos do Estado em segundo plano.
Maquiavel distancia-se desse normativo ético e propõe a análise do fenômeno do poder a partir da política concreta ou pura, utilizando os fatos políticos de forma empírica e objetiva, estudando a política como o estudo da luta pelo poder, distanciando-se da idealização de governos justos. Com isso, Maquiavel conferiu ao universo político uma autonomia, sujeita a sua própria lógica e leis. O que leva o governante a ser guiado pelo império da necessidade política, visando sempre ao resultado de suas ações e não por qualquer normatividade ética, jurídica ou religiosa superior. Porque, entender os mecanismos particulares da política, torna-se mais importante para o governante que ser portador de conduta moral impecável. Para fundamentar esse pensamento, Barros cita e grifa uma das colocações de Maquiavel no capitulo VXII em sua obra mais famosa: O príncipe. Onde:
Logo, deve um príncipe cuidar para que jamais lhe escape da boca qualquer coisa que não contenha as cinco qualidades citadas. Deve parecer, para os que o virem e ouvirem, todo piedade, todo fé, todo integridade, todo humanidade e todo religião. Não há nada mais necessário do que parecer ter essa última qualidade. Os