Resumo do capítulo "o romance social de lima barreto" (bosi, 1994)
A ideologia presente na obra de Lima Barreto pode ser explicada por sua biografia, a origem humilde do autor, bem como sua cor e vida pobre entrelaçadas com a consciência de sua condição social permitiram e motivaram análises carregadas por ideias marxistas.
Pode-se encontrar algumas contradições ideológicas em Lima Barreto, já que apesar de ele ser a favor da modernização, se põe contra a algumas mudanças trazidas por ela, porém isso também pode ser explicado por sua condição social (classe média suburbana) que o faz carregar certo conservantismo sentimental.
O seu sentimento de mulato, suburbano que defende o étnico não o impede ver com clareza o nacionalismo ridículo e patético, em sua obra Triste Fim de Policarpo Quaresma, o Major mostra as revoltas do brasileiro marginalizado “em uma sociedade onde o capital já não tem pátria” (p. 359), ao mesmo tempo em que fica claro que aquele caminho meufanista é impotente, isso permite uma duplicidade de planos (narrativo e crítico) que possibilitam o reconhecimento da inteligência e crítica presente em Lima Barreto.
Não é só no plano ideológico que fica claro o espírito critico do autor, mas também no campo estilístico, já que o que parece ser espontâneo na narrativa é na verdade consciente e tem razão de ser, na sua obra as cenas de rua, encontros e desencontros não são usadas isoladamente, para brilharem sozinhas, mas deixam transparecer a paisagem, os objetos e as figuras humanas.
Embora a realidade social presente na obra de Barreto sejam escolhidas por meio de um ponto de vista afetivo e polêmico, ela não parece ilustrar intenções subjetivas, sendo assim o seu estilo é ao mesmo tempo realista e intencional, em seu texto há também muito de crônica: cenas cotidianas descritas em uma linguagem fluente e desambiciosa, esta modernidade