Resumo ciência e senso comum
Júlio Fontana*
Rubem Alves nasceu em Boa Esperança, Minas Gerais, e tem, hoje, 72 anos. Estudou música e quis ser médico quando jovem. Entretanto acabou optando pela Teologia.1 Formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Campinas, é mestre em Teologia pelo Union Theological
Seminary, de New York, EUA, e doutor em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary,
EUA. Formado em Psicanálise pela Sociedade Paulista de Psicanálise, é professor emérito da
Unicamp.
O senso comum e a ciência
Rubem Alves mostra o que significam senso comum e ciência. Essa discussão é necessária, pois haverá um debate muito acirrado entre os epistemologistas para saber qual dessas formas de conhecimento e mais complexa.
Primeiro, o autor desmitifica a ciência mostrando que ela nada mais é que a hipertrofia do nosso senso comum: A ciência não é um órgão novo de conhecimento. Ela é a hipertrofia de capacidades que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos (p. 12).2
A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum. Que é senso comum? Antes, devo informar ao leitor que a expressão senso comum não foi criada pelas pessoas de senso comum, mas por aqueles que se julgam acima do senso comum. Portanto senso comum é o conhecimento que não é científico e as pessoas de senso comum são intelectualmente inferiores, ou, como muitos chamam, “leigos”. O que os cientistas talvez não saibam — ou melhor, eles sabem, mas fingem que não sabem —, é que a ciência é uma metamorfose do senso comum. Sem o senso comum, a ciência não pode existir.
Isso é fácil de ser verificado: o que temos por senso comum, hoje, já foi ciência em épocas passadas, ou, como Rubem Alves diz: “Aquilo que outros homens, em outras épocas, consideraram ciência sempre parece