Resumo anlítico
FUGAS, REVOLTAS E QUILOMBOS: OS LIMITES DA NEGOCIAÇÃO
Podemos ressaltar que este era um tema anteriormente periférico na historiografia tradicional. As unidades básicas de resistência do sistema escravista foram as fugas, e quilombo pressupõe fuga. Que também eram chamadas resistências do dia a dia.
Havia também fugas individuais ou coletivas, muitas ocultas, que era resultado de uma ação contestatória, a exemplo do suicídio, que não deixava de ser um tipo de fuga, um “meio de libertação” daquele aprisionamento, que significaria a busca da liberdade em outro mundo. Desrespeitar os compromissos aceitos por costume, negar a alforria, também eram situações que levavam invariavelmente a fuga dos escravos.
Podemos classificar as fugas em dois tipos: as fugas reivindicatórias e as fugas-rompimento. As fugas reivindicatórias foram muito comuns no período em que se intensificou o tráfico interprovincial. Muitas vezes elas tinham uma duração previsível: alguns fugiam após receber uma punição injusta, ou para esperar esfriar a cabeça do seu proprietário, quando este estava irritado e queria aplicar uma punição. Por exemplo, orelha furada, cicatriz, correntes no pescoço, queimadura na barriga, entre outros. Fugas individuais aconteciam em reação aos maus tratos físicos e morais, concretizados ou prometidos pelos senhores. Acontece que muitas dessas fugas eram devidas a alguma transação comercial que implicava a mudança de senhor, quando o sujeito escravizado, já habituado com o seu senhor, com o qual havia feito algumas negociações, via-se em uma situação de estar com um novo senhor, sobre quem não conhecia nada, e junto a quem não sabia se havia chances comparáveis de negociação. Por exemplo, o escravo Josito que era criado da corte sendo acostumado em serviços leves e que foi vendido para o serviço da roça, um mês no cabo da enxada foi suficiente para ele fugir. Este processo de mudança podia ser um dos momentos mais dramáticos da vida de