Resume-Ensaio sobre a Dádiva
Marcel Maus, sobrinho de Emile Durkheim é o autor de Ensaio sobre a Dádiva: Maus, demonstra através de seus estudos que o ato de dar presentes tem caráter imprescindível em algumas culturas arcaicas que acabaram por influenciar as sociedades contemporâneas. A construção social feita pelas trocas de presentes assume lugar de importante relevância nas culturas arcaicas, trazendo forte representatividade de poder, coação, afetividade e espiritualidade, influenciando posteriormente outras sociedades.
Segundo Maus, a troca de presentes nas civilizações arcaicas tem caráter de obrigatoriedade, já que aquele que recebe a dádiva sente-se obrigado a retribuir de alguma forma. O fato de presentearem-se mutuamente representa muito mais que relações sociais no âmbito institucional, religioso, político, econômico e familiar. O presente assume uma forma tão plural, tão imersa em representatividade, que se confunde o material com o espiritual, pois aquele que dá, retribui ou recebe, espera a restituição de algo espiritual, de sua própria essência, que foi entregue, confiado a outrem.
Maus, observou que em algumas civilizações da América do Norte e no Pacífico, as trocas de presentes não se limitavam a bens materiais, elas se ampliavam, para festas, gentilezas, banquetes, serviços militares, dança mulheres e crianças, que poderiam ser dadas para que parentes a criassem, ambas as famílias receberiam dádivas com esta ação. Maus, chamou estas relações de Prestações Totais, que acabavam por se tornar um tipo de obrigação, contrato, já que tinham de ser retribuído, caso contrário poderiam causar mágoa, ofensa e até mesmo guerra.
As tribos tlinkit e haida garantem sua hierarquia através de uma festa religiosa chamada pothach, que quer dizer, alimenta-se ou consumir. Nestes festejos ocorriam lutas, competições e várias formas de prestações totais, consolidando as formas de dominação entre os clãs, por meio das dádivas