RESSPONSABILIDADE SOCIAL
Na sexta-feira, 12 de julho, uma senhora de 55 anos morreu. Moradora de rua, ela tinha domicílio em endereço histórico, a Praça da Sé, onde está o marco zero da cidade de São Paulo.
Todo dia nascem e morrem milhares de pessoas no mundo. Há mais nascimentos do que mortes, mais ou menos na proporção de dois para um, segundo o que consegui apurar, embora não tenha encontrado duas fontes que me dessem números semelhantes.
Isto posto, importa saber que o corpo daquela senhora só foi removido sete horas depois de constatado o óbito. Detalhe escabroso: o tempo todo ficou cercado de ratos.
Se houve descaso do setor de remoção da prefeitura, sinto-me incapaz para avaliar. Embora saibamos que nas áreas urbanas, quanto mais sobra gente, mais falta serviço. Nas zonas rurais, ao contrário, onde falta gente, falta ainda mais serviço. Nossos estoicos médicos que o digam.
Tal notícia mexeu comigo e me fez lembrar um livro, publicado pela primeira vez em 1935, quando muitos dos leitores (inclusive eu) não eram nascidos. Curiosamente, a história de um pobre coitado endividado, que sai à busca de um punhado de réis (a moeda da época) para pagar a conta do leiteiro, tem o título “Os Ratos”. Foi escrita por um gaúcho, Dyonélio Machado, e merece ser lida (ou relida), dada a sua atualidade.
Sem casa e sem documento
A revista Fórum de maio deste ano publicou o resultado de um estudo realizado pelo Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro junto a pessoas em situação de rua na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro.
A pesquisa com 1.247 pessoas revelou que 13% delas eram analfabetas, 65% não bebiam e 62% não usavam drogas. Percentuais surpreendentes para uma grande maioria de cidadãos que confundem moradores de rua com usuários de drogas. Mais ainda, o levantamento mostrou que 1.049 do total de pessoas dessa amostra não possuíam acesso a benefícios assistenciais. Motivo? Falta de documentos.
Diante