Respostas da vida
TEXTO ACIMA QUAL É O SEU SONHO Fernando Dolabela* Entre nós, a cultura do emprego provoca delírios. Em emprego, a sensação é de que falta ar, mesmo com abundância de trabalho. A grande mudança não é percebida: indivíduos (e também cidades) estão agora diante da necessidade de identificar oportunidades e transformá-las em atividades econômicas sustentáveis. No entanto, com poucas e recentes exceções, o estudo das oportunidades não faz parte dos currículos escolares da educação infantil ao doutorado. Esse descompasso não é só da escola. Também os "currículos" de aprendizagem na família e na "rua" não tocam no tema. Por esse e outros motivos, preparar indivíduos para o emprego, hoje, é deseducar. É não desenvolver neles o protagonismo, a autoria, inibindo sua capacidade de inserção autônoma no trabalho. Essa tese, até por estar contra a corrente, suscita dúvidas do seguinte tipo: como fazer com que comunidades pobres, distantes dos eixos da economia, possam se desenvolver? Como um indivíduo com baixa ou nenhuma escolaridade, sem experiência relevante no trabalho, sem dinheiro e possibilidade de obtê-lo, pode gerar o próprio sustento? Isso é possível?
Há uma história que está acontecendo em Belo Horizonte. Mais precisamente, na classe da professora Adriana Moura, na Escola Municipal Israel Pinheiro, na favela Alto Vera Cruz. Lá os alunos estudam empreendedorismo. A metodologia baseia-se em tudas perguntas: "Qual é o seu sonho?" e "O que você vai fazer para realizá-lo?". Ora, essa pergunta, por mais óbvia que seja, não é feita nas escolas do Brasil nem tampouco em casa, pelos pais. De fato, ninguém faz essa pergunta. No máximo ouve-se: "O que você quer ser quando crescer?", o que desqualifica a criança enquanto tal, pois considera somente o seu potencial de