Resenha
A Baia de Todos os Santos é o cenário da realidade social brasileira. Lá estão expostos os maus tratos de sua época, e de hoje.
Capitães da Areia trata o problema dos menores abandonados e suas consequências, violência, criminalidade e a prostituição.
O escritor relata a vida de cerca de quarenta crianças, entre nove e dezesseis anos, que moravam nas ruínas de um velho cais no porto e que para conseguirem sobreviverem usavam da pratica de assaltos pela cidade de Salvador.
Os principais personagens são: Pedro Bala, um menino de quinze a que era o líder do grupo, pois ele era mais ativo, sabia planejar os roubos, trazia estampado nos olhos e na voz à autoridade de chefe; o Professor que lê para os garotos que não sabiam; Gato que com seu jeito malandro acaba conquistando uma prostituta; Sem-pernas, o garoto coxo que serve de espião se fingindo órfão desamparado (e numa das casas que vai é bem acolhido, mas trai a família, mesmo sem querer fazê-lo); João Grande, o “negro bom” como diz Pedro Bala; Querido-de-Deus, um capoeirista que é só amigo do grupo; e Pirulito, que tem grande apego religioso.
Capitães da Areia é um poema em prosa, com bastante poesia com cenas de ação, aventura, comédia e drama, o livro foi escrito em 1937, um pouco depois da implantação do Estado Novo, por Getúlio Vargas.
A obra procede por uma serie de reportagens onde é apresentado aos leitores segundo a visão social do Estado, das autoridades e da imprensa, como uma gangue de menores abandonados, que eram marginalizados e aterrorizavam Salvador com seus roubos.
Capitães da Areia sem dúvida é uma transcrição importante para a compreensão daquela época. Percebe-se que sua elaboração resultou da intensa vivência do autor nas ruas e becos da cidade, onde mostra a desigualdade social e a discriminação entre as raças, numa sociedade que se negava a reconhecer que somente os ricos tinham privilégios.
Infelizmente a conclusão é que os meninos