Resenha
Na segunda parte do livro, intitulada “O desaparecimento da infância”, o autor nos mostra que, com a televisão, onde a informação é apresentada numa forma indiferenciada em sua acessibilidade, a hierarquia da informação desmorona e consequentemente desmoronam também as diferenças entre adultos e crianças.
Ele expõe que o período entre 1850 e 1950 representa a sedimentação da infância onde as crianças eram alvo de atenção exclusiva, pois foram feitas tentativas bem sucedidas de retirar as crianças das fábricas e colocá-las nas escolas, dentro de suas próprias roupas, de seu próprio mobiliário, literatura, ou melhor, de seu mundo social. Em muitas leis as crianças foram classificadas como qualitativamente diferentes dos adultos e, assim sendo, foi-lhes atribuído um estatuto diferencial e preferencial estabelecido para proteção contra os caprichos da vida adulta. Este foi também o período em que se moldou o estereótipo da família moderna. A infância passou, inevitavelmente, a ser definida como categoria biológica e não produto de uma cultura. Vale destacar a ironia contida nestes dados que mostram que o mesmo período que serviu para sedimentar a infância foi àquele que começou seu desmoronamento.
Podemos atribuir, segundo o autor, a Samuel Morse a paternidade da era sem crianças a partir da invenção do telégrafo, que mudou o caráter da informação do pessoal e regional para o impessoal e global. O telégrafo elétrico foi o primeiro meio de comunicação a permitir que a velocidade da mensagem ultrapassasse do corpo humano rompendo o vínculo histórico entre transporte e comunicação. Esta invenção levou-nos a um mundo de simultaneidade e instantaneidade que foi além da experiência humana, pois eliminou de uma tacada só o tempo e espaço como dimensões da comunicação.
Segundo o autor tudo isto teve repercussões na infância já que este conceito é fruto de um ambiente em que uma forma especial de informação -