Resenha
Sobre fontes
Os documentos e os monumentos são os materiais em que são inscritas a memória coletiva e a história. O que sobrevive ao longo do tempo não é a totalidade dos registros dos acontecimentos do passado, mas sim o que passou pelas forças que operam no desenvolvimento da sociedade. Os monumentos são uma herança do passado enquanto que os documentos são uma escolha do historiador. O monumento exerce a função de perpetuar a recordação, evocar o passado. È um legado que uma geração deixa para as suas sucessoras, voluntaria ou involuntariamente (LE GOFF, 1994, P. 535). Para a escola histórica positivista do fim do século XIX e do início do século XX, o monumento se opõe ao documento na medida em que o primeiro está revestido de intencionalidade enquanto que o segundo é objetivo e, portanto, fundamenta o fato histórico, é uma prova histórica (LE GOFF, 1994, P. 536).
Seria então prudente considerar os documentos (lê-se documento = texto/escrita), e somente eles, ao narrar a história. Eles têm objetividade, se colocam como provas e devem ser analisados a partir do que eles apresentam, sem acrescentar-lhes nada, mas tirando deles tudo o que podem dizer. O espírito positivista reforça o triunfo do documento sobre o monumento. O documento seria a base da ciência histórica e tudo que não se apoiasse nele necessariamente não era ciência.
No século XX a noção de documento começou a se modificar. A escola dos Annales propunha uma ampliação do que poderia se considerar como fonte. Sem derrubar a importância primeira do documento escrito, a proposta era a de que caso não existissem tais documentos, deveríamos fazer história com “tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do