Resenha
José Carlos Pereira
Ex-professor do Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e atual professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
1. INTRODUÇÃO
É corrente, hoje, encontrarmos como principal justificativa de medidas de caráter social em geral, mas especialmente em matéria econômica e administrativa, o fato de elas serem "racionais". Os tecnocratas sobretudo, assim como os simples técnicos, HYPERLINK "http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75901977000100003&script=sci_arttext" \l "nt1" 1 usam e abusam do termo. Mas não apenas estes tendem a justificar as medidas propostas com o quase mágico qualificativo de "racionais". Também políticos (em grande parte influenciados por aqueles, que os assessoram) e mesmo cientistas sociais, em seus trabalhos, usam abusivamente o termo.
Na verdade, há uma razão para isso. É que inexistem princípios perfeitamente definidos que esclareçam o que seja racional. O termo (e seu oposto irracional) é extremamente ambíguo para permitir uma definição que determine os limites de sua extensão e que convenha a todo o definido e apenas ao definido. Em vista disso, deparamo-nos freqüentemente com definições parciais e mesmo inexatas, das quais, não necessariamente, os autores se dão conta. Em certos momentos, o significado que se está dando ao termo, se não é verdadeiro, também não é falso. Em outras palavras, o autor está lhe dando um significado parcial, que atende a seus propósitos.
Em outros casos, porém, uma análise mais aprofundada nos revelará incompreensão do termo, sendo inexata a sinonímia que implícita ou explicitamente se está estabelecendo. Por exemplo, tomar como sinônimo de racional conceitos como os de "moderno", "novo", "burocrático", "técnico", "científico", etc, se tais atributos não constituem