Resenha
A moeda de que se fala neste livro vai além das funções clássicas. Ela habita o terreno mítico. E é concreta. É o alvo e o caminho. Ao persegui-la, o Brasil encontrou uma trilha que modernizou o país. Por ser tão desejada, foi conduzindo o país na direção de grandiosas tarefas. Fomos removendo obstáculos, superando velhos vícios, corrigindo erros para ter, um dia, uma moeda estável. Seu valor real foi ser o fio condutor de uma travessia.
Nos tempos que aqui se conta, a moeda mudou de nome cinco vezes, perdeu nove zeros, foi dividida por 2.750 no meio de incontáveis intervenções governamentais na vida privada.
O Brasil do século XX sofreu intensamente com a inflação. Foram diversos governos, como o de Getúlio, de Juscelino e os militares que ajudaram sim o país a crescer, mas também gastaram mais do que arrecadaram e alimentaram irresponsavelmente a inflação. O livro fala sobre essa doença que o Brasil sofreu durante décadas sem que uma solução fosse encontrada. Miriam escreve mais sobre o plano cruzado, o plano Collor e o real. O governo Sarney havia herdado do governo militar contas públicas confusas, inflação alta, gastos excessivos, poucas reservas e estatizado no mesmo nível que países comunistas. Durante o governo Sarney havia o choque de dois grupos de economistas: os da Unicamp, que defendiam investimentos públicos com alguma inflação, e os da PUC-Rio, que julgavam que o corte de gastos e a inflação controlada eram os melhores caminhos. No governo Sarney, os economistas da Unicamp ganharam. O Brasil herdou uma pesada e perigosa herança do governo militar como, por exemplo, a conta movimento entre o Banco do Brasil e o Banco Central. Do descontrole inflacionário 13,3 trilhões por cento foi à inflação acumulada nos 15 anos que antecederam o Plano Real, ao equilíbrio dos dias de hoje, algumas gerações de brasileiros sofreram enormes perdas, conheceram sucessivos planos econômicos, enfrentaram desabastecimento, aprenderam a