resenha
COUTO, Mia. Terra Sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
Nascido na Beira, em Moçambique, Antônio Emilio Leite Couto, conhecido como Mia Couto publicou Terra Sonâmbula em 1992, mesmo ano em que teve fim a guerra civil que tomava seu país. Em Terra Sonambula, o autor descreve a Moçambique pós guerra, denuncia os horrores da guerra civil. Durante os anos de guerra o próprio Mia Couto se posicionou a favor da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), e acabou abandonando o curso de medicina e seguindo para o jornalismo, depois biologia e por fim a literatura. Possui mais de 15 livros, onde se encontra também poemas, o livro “Raiz de Orvalho” seu primeiro trabalho, publicado em 1983, possui somente poemas. Terra Sonambula foi considerado um dos 12 melhores livros de África do século XX. Neste obra, o autor narra a construção da nação moçambicana, ou pelo menos a busca por esta construção, da qual também viveu e participou. Mia Couto inicia o livro descrevendo a paisagem moçambicana:
“ Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Em cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão. Em resignada aprendizagem da morte”. (COUTO, 2007, p.9)
Ao abordar a “aprendizagem da morte” o autor nos faz entender a situação de Moçambique que no ano de 1975, após uma década de guerra, conquista sua independência do colonialismo português. No entanto, enganasse quem imagina que este o acordo entre a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e Portugal, assinado em 1975, libertou os moçambicanos da guerra. O cenário moçambicano era o mesmo, a guerra civil havia se estabelecido em Moçambique e só teria fim em 1992, com o