Resenha
Desenvolveu-se assim um 'poder central imenso que atraiu e engoliu', não sem disputa (lembremos a Fronda), os poderes dispersos numa sociedade ainda ofuscada pelo brilho remanescente da fidalguia. As mãos dos burocratas já se faziam sentir no cotidiano de todo o reino. O rebaixamento do papel da nobreza, segundo o autor, tornava seus privilégios mais odiosos aos olhos da burguesia e do camponês. Seus deveres, funções e obrigações, estabelecidos a partir da Idade Média, que significavam alguma segurança para os plebeus e representavam sua funcionalidade social, extinguiam-se. Restavam seus direitos pecuniários.
Tocqueville nos apresenta uma história das ideias políticas, dos costumes e das instituições, na qual o ressalte da ação política e econômica da nobreza entre os séculos 13 e 17; o elogio às liberdades urbanas na Idade Média; e o papel central desempenhado pelo clero espalhado por todos os setores da vida social francesa são elementos centrais mobilizados no sentido de compreensão da sociedade que preparou a revolução.
A polêmica maior fica por conta da discussão sobre os limites da Revolução. Lemos já no prefácio que após 1789 'um governo mais forte e mais absoluto do aquele que a Revolução derrubara retoma e concentra então todos os poderes,