Resenha

Até que ponto, de fato, nos comunicamos?

Ciro Marcondes Filho lança a pergunta que inquieta pesquisadores da comunicação: Até que ponto, de fato, nos comunicamos? O autor defende a tese de que, ou não nos comunicamos, ou nos comunicamos em poucas e raras ocasiões. Ele também aborda questões fundamentais da comunicação de uma forma filosófica. Na era da comunicação em que estudiosos como Gregory Bateson do Colégio Invisível dos EUA radicalizam afirmando que "não dá para não comunicar", Marcondes Filho afirma com ousadia que, salvo em algumas situações, a comunicação é uma farsa, um equívoco, um jogo que mais ilude do que realiza aquilo a que se propõe e que jamais poderá ser absoluta ou plena. Ainda apresenta a comunicação como um processo que se realiza no silêncio, nos olhares, nos ambientes e para tais afirmações retorna as correntes de pensamento: as tendências contemporâneas, o pensamento moderno, o pensamento antigo e a escolástica. De uma maneira quase poética classifica a linguagem como uma espécie de roupa social com a qual cobrimos a transparência de nossos corpos nus. Fala também do que considera um paradoxo da comunicação: Revelamos tudo o que temos, pensamos e sentimos pelo nosso olhar, pelo nosso rosto, pela nossa pele. Ao mesmo tempo forjamos, disfarçamos, dissimulamos, tentamos manipular a impressão que o outro tem de nós por meio de pensamentos, de nossos olhares, da nossa postura corporal. Ele fala ainda na dificuldade que existe em demonstrar o que sentimos, de compartilhar algum sentimento, como um amor, por exemplo. Marcondes consegue mostrar posições e pensamentos de grandes filósofos sobre a comunicação, relembrando, comparando e diferenciando ideias. São citados no livro: Parmênides, Heráclito, Hegel, Nietzsche, Platão, Aristóteles e Sócrates, Roger Bacon, Duns Scot, Descartes, Espinosa, Leibniz, Hobbes, Locke, Hume, Newton, Adorno, Walter Benjamim, Erich Fromm, Freud, Weber, Merleau- Ponty, Niklas Luhmann, Ferdinand Saussure, Wilhelm