Resenha "O ofício do etnógrafo"
Resenha
Roberto Da Matta em “O Ofício de etnólogo, ou como ter anthropological blues” busca traçar um plano para o estudo etnográfico o qual a intersubjetividade e as emoções estão na pesquisa de campo, juntamente com a teoria e métodos pré-estabelecidos. O autor também indica que a relação de pesquisador/entrevistado só se fundamenta dessa maneira quando há de fato um antropólogo e um informante aliada à empatia em ambos os lados.
A Antropologia Social só acontece - conforme afirma o autor – com fatores que desembocam na liminaridade e no estranhamento do indivíduo: transformar o exótico em familiar e o familiar em exótico. Esses dois casos de mudança se diferem, pois a antropologia clássica se fundamenta em conhecer novas sociedades (colônias) pela visão dos antropólogos (estrangeiros), ou seja, o antropólogo tem que aproximar-se e tornar familiar práticas que são exóticas à ele e a sua cultura; Já a segunda etapa, se distingue da primeira, à medida em que o antropólogo como elemento da sociedade, precisa se “autoexorcizar” e retirar castas sociais para estranhar e analisar práticas políticas e religiosas legitimadas.
Da Matta recorre à dois fatores das transformações familiar/exótico e exótico/familiar: no primeiro caso, o desligamento emocional é a chave para que o etnógrafo rompa – ou tente romper – com a familiaridade dos costumes, que são obtidos na forma de coerção socializadora. A segunda transformação ocorre por via intelectual, ao passo que o pesquisador se torna competente na cultura estudada à medida que ele consegue familiarizá-la.
Tais fatores na visão do autor dão origem à definição “anthropological blues” – outra comparação feita pelo autor – à qual no mesmo instante em que dissonantes métodos objetivos e subjetivos se entrelaçam (como no blues), a saudade e tristeza (que é “blues” no inglês) está presente no trabalho de campo do