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E IMATERIAL DE UM POVO.
Cristina Peixoto Batista
Programa de Pós-graduação em Sociologia – Universidade Federal do Ceará cristina_peixotobatista@yahoo.com.br O objetivo deste artigo é abordar as relações entre a construção da identidade e o artesanato do povo Tapeba, contemplando a lógica de produção e comercialização, além da representação que o artesanato toma na comunidade. A partir de uma trajetória que visa a afirmação étnica, os índios
Tapeba desenvolvem seu artesanato com uma base identitária guiada pelos processos políticos e sociais. De acordo com dados do FUNAI de 2006, o Estado do Ceará teria uma população de 11.726 indígenas distribuídas pelos municípios de Poranga, Aquiraz, Crateús, Trairi, Itarema, Maracanaú,
Pacatuba, Viçosa do Ceará e Caucaia. Em 2011, esse número aumentou para 22.400 índios registrados, distribuidos em 13 etnias: Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanidé,
Kanindé, Kariri, Pitaguary, Potyguara, Tabajara, Tapeba Tapuia-Kariri e Tremembé1. Esse aumento considerável do número de indígenas deve-se a um intenso processo de reelaboração cultural e étnica, característico de diversas regiões do mundo e que não será abordado ainda nessa etapa da pesquisa. A escolha da etnia Tapeba para a realização do trabalho se deu a fatores iniciais de acesso, como proximidade com a cidade de Fortaleza, porém ao longo das pesquisas fui, definitivamente me convencendo a trabalhar com esta etnia devido à peculiaridade de sua história e das relações que permeiam seu percurso.
Os Tapeba são um povo indígena que vive em diversas comunidades do município de
Caucaia, estado do Ceará. Sua história vem marcada por diversas lutas de reconhecimento étnico e de demarcação de terra. Até a década de 1980, a FUNAI não reconhecia populações indígenas nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Acreditava-se que existiam remanescentes dos índios, que não eram