Resenha: A Teoria Crítica
Marcos Nobre é professor do Departamento de Filosofia da Unicamp e pesquisador do Cebrap. Dentre outros livros, é autor de Lukács e os limites da reificação: um estudo sobre História e consciência de classe (2001) e de A dialética negativa de Theodor W. Adorno: a ontologia do estado falso (1998), e coautor do volume de entrevistas Conversas com filósofos brasileiros (2000).
O autor inicia com um debate entre a teoria e a prática, afirmando que as mesmas têm lógicas diferentes, o conhecer (teoria) e o agir (prática), se a teoria é feita para demonstrar como as coisas devem ser não consegue mostrar como realmente são, e se dizemos que as coisas devem ser como de fato são, eliminamos a possibilidade de que possam ser outra coisa. A teoria critica tenta integrar essas duas lógicas, o conhecer como as coisas são e o agir como as coisas deveriam ser, dizer o que é em vista do que ainda não é, mas pode ser. Tem-se, portanto, um diagnóstico do tempo presente que permite prognósticos para o futuro.
Após esse debate introdutório é descrito a historia da teoria crítica, tal expressão surgiu pela primeira vez no texto de Horkheimer (1937), Teoria Tradicional e Teoria Crítica, publicado pela Revista de Pesquisa Social do Instituto de Pesquisa Social. Esses aspectos da Teoria Crítica junto com o seu período histórico marcado pelo nazismo, stalinismo e a pela Segunda Guerra Mundial são elementos decisivos para a sua compreensão e é em volta desses acontecimentos que o autor busca explicar a teoria. O instituto buscava promover investigações a partir da obra de Karl Marx, vários pesquisadores, de diferentes especialidades, trabalhando em regime interdisciplinar (materialismo interdisciplinar) e tendo como referência comum a tradição marxista. É muito comum se referir ao conjunto desses pesquisadores de Escola de Frankfurt, mas alguns problemas dessa denominação são abordados pelo autor: (a) ter a obra de Marx como referência, como horizonte