Resenha Visão do Paraíso
Sérgio Buarque de Holanda nasceu na cidade de São Paulo em 1902. Foi professor da Universidade do Distrito Federal em 1936, onde lecionou as cadeiras de Cultura Luso-brasileira e História da América, e professor da Universidade de São Paulo em 1956, onde lecionou História da Civilização Brasileira, apesar de não ter-se formado historiador, mas sim em Direito em 1925 na UDF. Algumas de suas obras publicadas são Raízes do Brasil (1936), Monções (1945) e Índios e Mamelucos na Expansão Paulista (1949) (HOLANDA, 2004, p.367). “Visão do Paraíso” foi apresentado “e defendido como tese, originalmente, requisito necessário ao concurso de cátedra de História da Civilização Brasileira da USP.” (LIMA, 2011, p.1). Em 1958, foi publicado em forma de livro, sem repercussão nos meios acadêmicos, pois os historiadores brasileiros dessa época estavam mais interessados em temas estruturalistas e marxistas, daí a atenção ser dirigida aos escritos de Caio Prado Jr., por exemplo. Apenas nos anos de 1980, tiveram início os trabalhos que envolviam “Visão do Paraíso”, com os conhecidos historiadores contemporâneos Laura de Mello e Souza e Ronaldo Vainfas, que escolheram as novidades historiográficas trazidas pela terceira geração dos Annales como direcional para seus trabalhos. Isso evidenciou a inovação e atualidade presentes nesta obra de SBH, que passou a ser mais estudada a partir dos anos de 1990 e reconhecida como um clássico da História das Mentalidades brasileira (LIMA, 2011).
Antes de dar um parecer um tanto tímido sobre essa densa obra de Sérgio Buarque de Holanda, considero importante esclarecer o modo como compreendo a organização do livro e de que modo vou utilizar isso neste breve texto. Os 12 capítulos que têm como objeto principal a análise dos mitos edênicos que acompanharam as narrativas dos