Resenha Tutameia
CENTRO DE TEOLOGIA E HUMANIDADES
CURSO DE LETRAS
RESENHA TUTAMEIA
Amanda Neves Marques Corrêa
Petrópolis 2009
In: NUNES, Benedito. O dorso do tigre. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1976.
Tutameia
As quarenta histórias de Tutameia, de Guimarães Rosa, estão distribuídas em quatro grupos e poeticamente ordenadas. São estórias de uma só estória, casos exemplares, indicando fábulas ou mitos. O clima geral dessa obra, mesmo quando se mata ou morre, é de comédia – ritmo dramático favorável à vida e à restauração de suas forças (conforme Suzan Langer). Algumas de suas personagens acertam quando pensam errar, outras erram quando pensam acertar. Há quase sempre, no final de cada estória, um acerto de contas que satisfaz, repondo a vida em seus devidos eixos. A matéria, ora irônica, ora confessional ou ilustrativa, contida nos prefácios, é que confere o tom às personagens. No primeiro prefácio, Aletria e Hermenêutica, encontramos uma reflexão sobre o humor, focalizando o valor do não-senso (coisas importantes que não podem ser ditas). Ainda nele, se estabelece a perspectiva dentro da qual as estórias podem ser colocadas. Fixa a hermenêutica, não de cada conto particular, mas de todos em conjunto – a estória que há nas estórias. No segundo prefácio, Hipotrélico, vem a sustentação do direito à existência de palavras inventadas, defendendo o neologismo – marcado por viés cômico – que se faz necessário enquanto “o termo engenhado venha a tapar um vazio”. Esses resultam de sufixação por analogia ou da fusão de duas palavras diferentes. A mudança de timbre da segunda para a terceira fase de Tutameia é anunciada por Nós, os Temulentos, terceiro prefácio, que encadeia numa só estória as mais difundidas anedotas de bêbados. Saída para o drama do estar-no-mundo. Trata da relação subjetiva que o sujeito faz com a realidade. No quarto e último prefácio, Sobre a escova e a