Resenha sobre Ilha das Flores

Título da resenha: Um jardim de flores murchas.
Subtítulo: A realidade sobre a Ilha das Flores.
Filme: Ilha das Flores (Jorge Furtado) – Cinema, 01 de dezembro, 1988.

De Gustavo Duarte

Jorge Furtado, 55, é um cineasta e roteirista brasileiro, conhecido por seus trabalhos em curtas-metragens, comerciais de televisão e por ter sido um dos fundadores da Casa de
Cinema de Porto Alegre, da qual é integrante até os dias de hoje. Na década de 90 foi trabalhar na TV Globo como roteirista de várias minisséries e especiais. Um de seus principais trabalhos foi a direção do longa-metragem “O homem que copiava” que, inclusive, ganhou o Grande
Prêmio Cinema Brasil.
A Ilha das Flores (1988) é um documentário científico, ganhador do prêmio Urso de Prata, no
Festival de Berlim, que retrata a realidade de uma ilha localizada às margens do Rio Guaíba, a poucos quilômetros de Porto Alegre, usada como depósito de lixo. Assim que o caminhão de lixo era descarregado, os empregados do dono da propriedade em questão, na Ilha das Flores, faziam a triagem do que poderia ser consumido pelos porcos desta propriedade. Enquanto isso, filas de mulheres e crianças se formavam atrás das cercas, para aguardar a definição do que serviria, ou não, de comida para os porcos. Após essa triagem, o portão da cerca era aberto e as pessoas entravam, divididas em grupos de dez cada, com um prazo predeterminado de cinco minutos para coletar o que poderia lhes servir de alimento, ou seja, o que fora selecionado para a alimentação dos porcos supracitados.
O curta-metragem, de fato, choca no que tange à desigualdade social brasileira, muito além da que estamos acostumados a ver, mesmo em regiões socioeconomicamente menos desenvolvidas. O tom inusitado e tragicômico da narrativa, embora trate de um assunto bastante sério, remete o espectador à dura realidade daquelas pessoas. O fato de algumas pessoas serem preteridas a animais na separação de alimentos para consumo gera revolta e