Resenha revolução de 1930
O artigo “A Revolução de 1930”, de Boris Fausto (Brasil em Perspectiva, Bertrand Brasil) pretende explicar as condições econômicas e políticas que permitiram a formação da Aliança Liberal e a eclosão do movimento revolucionário de 1930.
A sociedade brasileira tem sido caracterizada, na Primeira República, como um organismo social em que predominam os interesses do setor agrário-exportador, voltado para a produção do café.
A maneira pela qual este setor garantiu sua renda durante os primeiros anos da República aumentou a dependência brasileira com relação ao capital externo. O mecanismo da desvalorização cambial, por sua vez, foi um forte limitador dos efeitos da baixa do produto, socializando as perdas do setor cafeeiro. No entanto, num segundo momento, quando a depreciação cambial chega a pontos extremos, a burguesia cafeeira se vê novamente em situação difícil e há uma crise de preços do café, resultado da superprodução que começa a se instalar no mercado internacional. A saída foi a valorização do produto, com a retirada do mercado de parte da produção.
Entretanto, a política de valorização exigia recursos financeiros consideráveis. Um novo apelo ao capital externo tornaria o setor cafeeiro especialmente vulnerável às oscilações do mercado internacional, o que de fato ocorreu.
A burguesia cafeeira conseguiu impor ao país seus interesses econômicos durante várias décadas. Até porque não existia na época uma burguesia industrial que pudesse se opor à do café.
A incipiente industrialização brasileira se desenvolvia de forma descontínua e irregular, dependendo de divisas provenientes do próprio café e de oportunidades que provisoriamente apareciam, vindas do exterior.
Assim sendo, as oligarquias cafeeiras regionais predominavam na República Velha e o Estado não apresentava nenhuma ameaça à autonomia regional, razão pela qual não se observa, no período, a formação de partidos políticos que representassem