Resenha Primeiras Estórias: As margens da alegria
Quanto ao emprego dos tempos verbais, na maior parte das estórias, o relato se faz através de uma mistura do pretérito perfeito com o pretérito imperfeito do indicativo.
A obra aborda a psicológica, a fantástica, a autobiográfica, a anedótica, a satírica, vazadas em diferentes tons: o cômico, o trágico, o patético, o lírico, o sarcástico, o erudito, o popular.
As personagens embora variem muito quanto à faixa etária e experiência de vida, elas se ligam por um aspecto comum: suas reações psicossociais extrapolam o limite da normalidade. São crianças e adolescentes superdotados, santos, bandidos, gurus sertanejos, vampiros e, principalmente, loucos.
A relação com a morte e com o desejo de imortalidade está presente com mais intensidade em "Primeiras Estórias". Ele se identifica profundamente com o protagonista, como se ele espelhasse sua própria trajetória, sua infância, como se assim universalizasse, de certa forma, essa travessia. Ou seja, ele tenta perceber o que há de comum na infância de cada menino, nessas delicadas passagens, em seus estados de alma, nos dolorosos conflitos, nas fascinantes descobertas, narrado em terceira pessoa.
Em As margens da alegria, Guimarães Rosa coloca-nos diante de um Menino que, na sua lenta descoberta do mundo, transforma tudo o que lhe passa diante dos olhos em experiência de dor e alegria, vida e morte. Essa aprendizagem se da partir da relação direta com a natureza em toda a sua dinâmica, para a qual o Menino volta um olhar sem reservas, cheio de admiração. Aqui a infância aparece como o lugar do crescimento, da descoberta, da aprendizagem. O Menino tem como primeira fonte de conhecimento o olhar: "espiar”, "avistar",