Resenha: Olinda Restaurada
Mello, Evaldo Cabral de, Olinda Restaurada: guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Rio de Janeiro, Topbooks, 1998
Açúcar: guerra, poder e riqueza no Nordeste
Em Olinda Restaurada, Evaldo Cabral de Mello Neto tem como objetivo retratar os anos de 1630 a 1654 no Nordeste ocupado pelos holandeses no Brasil. Centrando-se nas duas grandes guerras do período, a de Resistência; na qual os senhores de engenho brasileiros perdem grande parte de seus engenhos nordestinos, e a de Restauração, na qual os brasileiros retomam o controle do território antes ocupado pelos flamengos. Neste contexto, Evaldo não se limita apenas a assinalar e comentar fatos acontecidos no período: ele analisa toda uma conjuntura da época, conjuntura essa social, econômica, política e cultural. Analisando sua obra, percebe-se claramente a profundidade com que o contexto histórico é tratado, fato esse que possibilita ao leitor situar-se no tempo. Rico em detalhes, e não somente históricos, o autor procura novas interpretações, recriando a história do Nordeste brasileiro colonial à época dos holandeses. Ou seja: o autor tenta compreender o período de ocupação holandesa no Brasil utilizando da interdisciplinaridade, fundindo elementos, para uma maior compreensão dos fatos, centrando-se nas duas grandes guerras do período.
Para Evaldo, é o açúcar a chave para se compreender dominação flamenga, as guerras e sua contextualização. Os dois lados buscavam monopolizar a produção e o comércio do produto, visto que ele continuava com intensa procura na Europa. Foi com esse intuito que a Holanda formou a Companhia das Índias Ocidentais, podendo assim invadir o litoral nordestino em 1630. Já os portugueses visavam expulsar os invasores para retomar seu acesso às principais áreas produtoras de açúcar. Tanto a guerra de Resistência como a de Restauração foram, pois, para o autor; causadas, financiadas e intencionadas pelo açúcar. Enquanto os flamengos queriam deter o monopólio de