Resenha notas sobre lugar nenhum

O exercício da prática docente é uma atividade cercada de diversas questões. Entre inúmeras discussões, uma que se destaca e chama atenção dos diversos profissionais da área é tomar conhecimento sobre de onde surgiu o modelo que entendemos como escolar. Quase como quem lança a pergunta se este modelo admite uma continuidade desde a antiguidade, professores das décadas atuais tentam buscar uma especie de resposta formal e científica para suprir necessidades das mais diversas naturezas. A ideia de que o modelo escolar seguiu uma continuidade desde os tempos antigos parece a, principio, uma maneira mais fácil e rápida de se compreender a formação do “espírito” da escola hoje tão bem conhecido e aceito por todas as instituições sociais. Entretanto, o artigo de David Hamilton (Notas de Lugar Nenhum: sobre os primórdios da escolarização moderna) procura lançar luz a esta questão além de contribuir com outros fatos que permearam a história da formação da escola moderna. Entre diversos argumentos, muitos deles embasados em discussões políticas e religiosas, Hamilton expressa com clareza que a formação do que ele compreende por escola moderna não é uma continuidade dos tempos antigos mas sim uma formação composta de rupturas e novas organizações. Para sustentar tal ponto de vista, o autor lança mão de dois outros nomes que tiveram influencia nesse período de formação: Hoole e Comenius no século XVII. Apesar de ser uma proposta de trazer à tona métodos de educação dirigidas aos pais e mestres de escola, os escritos desses autores apresentam uma retomada de tempos mais remotos e da Idade Média que pode ser visto como um livro de práticas da velha arte de ensinar que pudesse ser utilizado e aplicado por contemporâneos. Ao contrário do que se possa imaginar, Hoole e Comenuis não estavam disposto a retornarem a um passado mítico, seus estudos, na verdade, convergiam com uma transformação social relevante para a época: uma nova configuração política e o surgimento