Resenha narradores de javé
Com características de anti-herói, Antonio Biá é escolhido para ser o autor do Dossiê que narrará a história do povoado. O desafio a ser enfrentado era colher relatos dos moradores e retratá-los de modo a compor cientificamente a história, isto é, transformar os relatos subjetivos, provenientes do Senso Comum, numa História Científica, com um discurso objetivo, neutro, universal.
Nos relatos colhidos, inicialmente, percebemos que os moradores num exercício de demonstração de poder familiar, bem com de criatividade, inventividade, contam as histórias tendendo para interesses individuais. Deste modo, o filme busca evidenciar que até mesmo as histórias escritas, tidas como científicas, podem sofrer influências subjetivas. Como é estampado na capa do filme “O povo aumenta, mas não inventa”.
Também são demonstradas, através das versões contadas, as influências mitológicas (as figuras heróicas de Indalécio e Maria Dina) e religiosas que perpassam o conhecimento. É o contraponto entre a realidade observada e a realidade narrada.
E o anti-herói, Antonio Biá, diante deste quadro e com o compromisso de escrever uma história científica, portanto objetiva e neutra, presenteia os moradores de Javé com um livro em branco, mostrando ceticismo perante os fatos narrados, e desacreditando na capacidade destes fatos serem suficientes para impedir a construção da represa, para impedir o “progresso”.
Contudo, na última passagem do filme, Antonio Biá faz um convite aos moradores de Javé a iniciarem o “volume 2” da História de Javé, demonstrando que os valores, a cultura, a