Resenha - Leva
O documentário “Leva” dirigido por Luiza Marques e Juliana Vicente mostra, em cinquenta e quatro minutos, uma realidade que, apesar de estar bem diante de nossos olhos, passa desapercebida ao ignorarmos alguns problemas sociais que afetam grande parte da população. O documentário traz o cotidiano e o coração de movimentos sem-teto no centro de São Paulo, onde muitos edifícios se encontram vazios, ao mesmo tempo em que milhares de pessoas tem a rua como casa.
“Leva” mostra moradores de um prédio ocupado no centro de São Paulo, suas histórias e ideais, alguns descobertos apenas após o ingresso no movimento. Ivonete, uma das líderes do movimento, conta que com a luta conseguiu ter a sua casa própria e mesmo após ter conseguido o que tanto almejada, não abandonou a causa. Continua lutando por aqueles que não tem um teto para morar, e dá ênfase no fato de que quem está lá não é “vagabundo”, não está lá porque não quer pagar aluguel e impostos, e sim porque não tem condições de pagar um preço que não é proporcional ao quanto ganham. Ou comem ou moram, dois extremos presentes na vida dessas pessoas.
A estigma que acompanha participantes desses movimentos é extremamente grande, a partir do momento que ingressam, passam a ser taxados como pessoas que querem uma vida fácil, como baderneiros e tantos outras atribuições pejorativas. Esse documentário tem como função mostrar o lado que ninguém vê. Mostrar quem são as pessoas que ocupam esses prédios abandonados e que muitas vezes só vemos em jornais quando são retirados à força.
Muito além de uma moradia, os integrantes do movimento sem-teto querem levantar a discussão e a mudança no sistema brasileiro, onde muitos esbanjam, enquanto outros nada tem, querem plantar a semente do questionamento na mente das pessoas e, querem, acima de tudo, uma condição de vida decente para dar algum conforto a seus filhos.