resenha Katia Matoso
INTRODUÇÃO
Katia Matoso tem por objetivo em seu livro ir ao encontro do escravo brasileiro, mesmo diante de um território vasto, onde a escravidão ocorreu de diversas formas. Sua intenção é favorecer o ponto de vista do escravo, partindo da captura do negro na África até os escravos libertos. Desse modo, mostra os escravos além de um aglomerado de homens submetidos a trabalhos forçados, apontando para as sutilezas da cultura africana. Para fazer esse estudo a autora aborda dos séculos XVI ao XIX. A escolha desse longo recorte ajuda a entender a complicada relação entre os tipos diferentes de escravos que existiram no Brasil, ou seja, o significado da escravidão para os negros africanos e crioulos, os que trabalhavam nas minas e nas fazendas, ou no meio urbano. Sendo assim, o tipo de trabalho que o escravo desenvolve esta estritamente ligada com o tipo de autonomia que o mesmo tem para ir á busca de sua liberdade.
A autora divide a obra em três partes para explorar de forma detalhada a vida individual e coletiva dos escravos. A primeira parte aborda a captura do escravo na África e sua trajetória até o Brasil para a realização do trabalho compulsório. Nos é revelada nessa parte os conceitos de escravidão para os africanos antes da chegada dos europeus e a despersonalização do negro que é arrancado de sua terra de origem. Na segunda parte do livro a autora vai direto ao tema que dá nome ao seu livro, isto é, aborda como era ser escravo no Brasil. É analisada nesse bloco a “adaptação” do negro ao novo regime de trabalho. E a última parte do livro é dedicada ao estudo dos libertos e ao questionamento dessa liberdade, ou seja, se efetivamente se tornaram livres. Além disso, Matoso revela as relações dos ex-escravos com os demais estamentos da sociedade.
Especialista no tema da escravidão no Brasil com destaque para o estado da Bahia, Mattoso seguiu suas pesquisas na linha da História Social e representa uma tendência revisionista da escravidão