Resenha Inside Job
O filme “Trabalho Interno” (“Inside Job”, EUA, 2010) retrata assustadoramente o modo como todos os participantes do mercado curvaram-se diante dos grandes banqueiros e organizações de Wall Street (Rua de Nova Iorque onde estão se localizam as bolsas de valores e os bancos de investimentos), conduzindo o mundo em direção a crise enfrentada em 2008 que afetou diversos setores do mercado. Logo no começo, o filme evidencia com o caso da Islândia a grande influência que os bancos exercem nas economias tanto locais quanto globais.
Começando pelos reguladores americanos, que atuam sobre o FED (Banco Central), sobre os bancos de investimentos e sobre os próprios investidores, estes que deveriam ser autoridade máxima e controlar os demais, são apresentados justamente de modo contrário: o a desregulamentação anterior a crise, pressionada pelos grandes bancos, tornou o mercado financeiro americano (o maior de todos) uma terra sem lei e de domínio propositalmente movido para outras mãos em um cenário liberal. Analistas e acadêmicos das famosas escolas de administração, economia e finanças dos EUA tornaram-se consultores e assumiram cargos elevados da alta administração das finanças estadunidenses. É interessante pensar como somente depois de 2008 foi assinada a “Lei Dodd-Frank de Reforma de Wall Street e de Proteção a Consumidores”, uma lei que atua exatamente no vácuo que foi deixado na época: a Lei Dodd-Frank estabelece demandas sobre o mercado de derivativos voltadas para a redução das operações de balcão e para o aumento da transparência desse mercado. As principais exigências legais que recaem sobre o mercado de derivativos têm a ver com o objetivo de que a liquidação de contratos passe a se dar sempre através de câmaras de compensação (clearings), visando aumentar o grau de estabilidade com que esse segmento opera. O gap entre a compra do fundo e a compensação dos derivativos do segmento imobiliário, manipulado pelos bancos permitia que, uma vez