Resenha filme longe do paraíso
São vários os pontos do filme que chamam a atenção, a começar pelo cenário: uma família americana aparentemente perfeita. Cathy, sem dúvida, é a personagem que mais se destaca no filme, acredito eu, por representar muito bem a figura da mulher dos anos 1950. No filme, ela mantém a posição de mãe exemplar e esposa dedicada, submissa ao marido, características estas que fundamentavam as teorias de Rosseau, no século XVII, a respeito da divisão de papéis do homem e da mulher, questões abordadas em aula no texto de Silvia Alexim.
Para o pensador, a esfera de atuação feminina seria a doméstica e a masculina, a pública; e é exatamente isso que vemos no filme: Cathy “reina” no lar, vive somente em prol da família, e seu marido Frank é quem trabalha, quem tem uma carreira profissional, constituindo, enquanto homem, o papel público. As ideias de Rosseau foram propagadas no século XVII e, como podemos observar no filme, estenderam-se por mais três séculos. Como diz o ditado: “a arte imita a vida”, e a ficção a que assistimos era retrato da realidade vivida pela América na década de 1950. E, o interessante disso era perceber como as pessoas vivam confortáveis com aquela realidade. Ter a vida da família Whitaker era ter uma vida perfeita, ou seja, as pessoas tinham como modelo de família perfeita uma mulher que só tinha o direito de exercer papel de mãe, esposa, e dona de casa, tendo apenas essa função, abrindo mão de suas vontades e ambições; e um homem livre, cujo dever era possuir um bom emprego, status, competindo só a ele o direito de ostentar tais condições. As mulheres não parecem se incomodar com isso, pelo contrário, vivem bem meio à sua vida menos produtiva e mais fútil; parece-me que aprenderam a conviver e também tirar proveito de suas limitações.
Um aspecto que chama atenção no filme é o quanto era importante para aquela sociedade, manter as aparências, uma reputação intacta. O padrão não podia ser rompido de maneira