Resenha do texto: assim como não era no princípio: religião e ruptura.
Resenha do texto: PIERUCCI, Antonio Flavio; PRANDI, Reginaldo. Assim como não era no princípio: religião e ruptura. A partir da segunda metade do século XX, a vida religiosa no Brasil mudou e vem mudando de forma rápida e importante, de maneira nunca vista antes na história do país. E é essa religião em mudança, a religião como possibilidade de ruptura e inovação, que interessa à sociologia. Candido Procópio Ferreira de Camargo a partir da década de 50, começou a se interessar por estudar baseado apenas na experiência o desenvolvimento do que ele caracterizou como “continuum religioso mediúnico”, bem como a expansão das seitas e igrejas pentecostais. Segundo Camargo, o quadro religioso brasileiro vem mudando não só porque há pessoas que deixam seus deuses tradicionais laicizando suas vidas e seus valores, mas também existem outras que se ligam a “novos” deuses, ou em novas maneiras redescobrem seus velhos deuses. Um dos objetivos claro de sua obra de pesquisador era “complementar a tendência predominante no século XIX e na literatura clássica das ciências sociais que enfatizou (...) as funções da religião vistas como essencialmente conservadoras e reacionárias” (Camargo, 1971:3). Ele tinha a intenção de estudar, nas religiões, suas virtudes para implementar e incrementar a mudança social. Essa mudança religiosa tinha um nome para Camargo: internalização. Em uma tipologia binária descrita por Max Weber, que distinguiu dois tipos ideais de religião (o tipo tradicional e o tipo racionalizado), Procópio Camargo achou um ponto de partida para sua discussão do processo de mudança religiosa e do processo de transformação do catolicismo. Ele identifica uma separação clara entre sociedade e religião católica, já nos anos 50. E tanto no meio urbano, quanto no meio rural brasileiro, acontecem distintas modalidades de catolicismo internalizado. No caminho de Weber, Camargo apresenta como traços definidores do catolicismo tradicional o fato de o