Resenha do texto ARAUJO, Maria Paula. “Lutas democráticas contra a ditadura”
Maria Paula Araujo define seu período de estudo entre 1974 e 1985. Seu objetivo é investigar a atuação das esquerdas brasileiras no movimento contra o regime militar. Para tanto, a autora diferencia dois momentos de atuação dessas esquerdas, um que vai do pré-golpe até a luta armada de 1968 e outro que se inicia em 1974 e permanece até o retorno da democracia em 1985.
Esses dois momentos evidenciam, para a autora, uma forte dicotomia de ideais, pois, no primeiro momento as esquerdas brasileiras se posicionavam de maneira contrária ao ideal de democracia. A democracia era vista com um caráter burguês-liberal e o real objetivo das esquerdas era a instauração do socialismo. Essas esquerdas enfrentavam diferenças no que tange à tática de conquista do socialismo, sendo essa a razão apontada no texto para o afastamento do PCB do movimento popular. O PCB foi acusado, principalmente após a vitória do golpe, de imobilismo e reformismo, ou seja, de não ter incentivado o uso da força contra a direita conservadora. Entre as consequências das críticas feitas ao partido, a autora destaca a “racha” que originou o PCdoB no início dos anos 1960.
A luta armada de 1968 foi fortemente reprimida e representou grandes perdas para os movimentos populares, entre eles o MR-8 e a APML. Foi a partir de uma autocrítica realizada por essas duas organizações que surgiu uma reorientação da ação da esquerda, o que marca o início do segundo momento apresentado pela autora.
A nova geração dos anos 1970, que viveu as repressões da ditadura, estaria disposta a lutar pela democracia juntamente com as esquerdas que agora mudaram seu posicionamento. Apesar das dicotomias entre esses dois atores, melhor explicadas por Maria Paula no texto, as esquerdas brasileiras reaproximaram-se do