resenha "do selvagem bonzinho ao subdesenvolvido"
O terceiro capítulo, "Do selvagem bonzinho ao subdesenvolvido", do livro, "Para Ler o Pato Donald", de autoria de, Ariel Dorfman e Armand Mattelart, foi escrito no Chile, nos anos setenta, em um período em que as Teorias da Comunicação da América Latina denunciavam os Meios de Comunicação de Massa por promoverem uma visão de mundo capitalista. O capítulo faz uma crítica às histórias em quadrinhos produzidas pela Disney, por reproduzirem a lógica capitalista e promoverem o imperialismo dos países dominantes.
Os autores, Dorfman e Mattelart, mostram que as histórias em quadrinhos de Walt Disney reproduzem uma visão de mundo dos países dominantes, e que beneficia somente esses países. Nas histórias o globo é dividido em países desenvolvidos, os dominadores, e os países subdesenvolvidos, que também pode ser a representação do proletariado, que devem ser dominados, explorados sem culpa. Os países subdesenvolvidos são retratados de forma estereotipada, como ignorantes, inferiores, atrasados, e essa visão é espalhada, difundida pelo mundo todo, fazendo com que esses povos sejam reconhecidos por essas características preconceituosas. São retratados como selvagens inofensivos, que devem continuar dessa maneira eternamente para que continuem a ser explorados sem manifestar nenhum tipo de revolta. O que, porém, as revistas não mostram é o motivo de atraso desses países, as reais dificuldades enfrentadas por esses povos causadas por um sistema injusto em que milhões são explorados em benefícios de poucos.
Além disso, segundo os autores, a Disney mostra, através das histórias em quadrinhos, como é a relação de troca entre os países subdesenvolvidos e os países dominantes. Nessa relação os países desenvolvidos levam todas as riquezas dos países subdesenvolvidos e em troca lhes oferecem uma tecnologia obsoleta, algo inútil e sem valor. Porém, nas histórias em quadrinhos os exploradores de matérias primas não são vilões.