Resenha do primeiro capítulo de Lacoste
Uma disciplina simplória e enfadonha?
Yves de Lacoste começa o capítulo falando da problematização do desinteresse dado a Geografia enquanto disciplina escolar e universitária, porém, por de trás desse “desinteresse” há sim, um interesse de produzir um cidadão alienado a favor da ordem estabelecida pelo Estado. Além de tudo mostra a Geografia como uma disciplina de estrutura metodológica invariável, ou seja, sem relação explícita com a prática do real, e aos que dizem que os problemas da geografia dizem respeito somente a geografia, estão enganados, pois interessam a todos os cidadãos.
Descrever o mundo através de questões geográficas (ter um problema) é ter função social, sem ser necessariamente um problema da geografia. Problematizar para depois descrever, pensando como geógrafo, sem ser problema da geografia, e ao entrar na sala para darmos aula, pensar o problema que vai ser dado fazendo uma ligação com a realidade do aluno através da escolha do tema a ser discutido.
Já a geografia dos oficiais continua a ser um instrumento de poder que é usado de forma estratégica por uma minoria dirigente, com seus meios consideráveis e que continua do mesmo jeito há séculos, porém a criação de novos métodos de guerra tem que ser feita de através de uma análise entre a geografia e a sua relação entre os humanos, além das condições naturais estabelecidas.
Ao afirmar que a geografia serve em primeiro lugar para se fazer a guerra não quer dizer que esse saber seja o bastante para operações militares. Trata-se de preparar também o território, suas fronteiras, escolher a localização dos pontos de ataque, organizar a base de defesa... Ou seja, um conjunto de fatores que também agem sobre a guerra.