Resenha do livro realidades e ficções na trama fotográfica
O autor subdivide os temas tratados ao longo do livro em três partes: Construção e desmontagem do signo fotográfico, que é basicamente teórica, retomando conceitos já apresentados em “Fotografia e história”; em seguida, em Decifrando a realidade interior das imagens do passado, Kossoy aborda as tramas ideológicas na fotografia, ou seja, como o documento fotográfico foi, é e será usado com fins ideológicos; na terceira e última parte, homônima ao título do livro, Realidades e ficções na trama fotográfica, o autor finaliza com reflexões sobre arquivos, memória e reconstituição histórica, enfatizando na possibilidade inerente das representações fotográficas, ou seja, da construção de realidades.
Percebe-se claramente, desde a introdução, a mensagem que Kossoy quer passar com este livro. Entretanto é ao longo dos capítulos que ele vai desconstruindo todo o processo fotográfico, detalhando e provando a veracidade de suas constatações, já apresentadas e compreendidas pelo leitor.
PARTE 1 - CONSTRUÇÃO E DESMONTAGEM DO SIGNO FOTOGRÁFICO
Inicialmente, Kossoy questiona o elevado status de credibilidade que a fotografia possui. Segundo ele, isso se compreende considerando-se sua natureza físico-química (hoje também eletrônica) de registrar aspectos (selecionados) do real. Se por um lado ela tem valor incontestável por proporcionar fragmentos visuais que informam sobre as diferentes atividades humanas, “por outro, ela sempre se prestou e se prestará ao mais diferentes e interesseiros usos dirigidos”, afirma Kossoy.
Esta foto pode ilustrar bem a ideia de Kossoy. Ela foi tirada pelo fotógrafo americano Kenneth Jarecke durante a Guerra do Golfo. Em um momento onde da história em que a imprensa americana tinha ordens de não mostrar fotos chocantes do conflito, esta foto chegou à Europa, chocou e abriu os olhos de muita gente que acreditava na realidade das lentes de outros fotógrafos.
No caso da foto ao lado, fica nítido como uma imagem pode ser facilmente