Resenha do livro "Marca: o que o coração não sente, os olhos não vêem"
O livro “Marca: o que o coração não sente, os olhos não veem”, de Stalimir Vieira, traz muitas correlações absolutamente válidas para o desenvolvimento profissional de qualquer área – e a leitura desse acaba se aplicando de maneira especial para mim, por ser publicitário e estar razoavelmente ambientado com as situações apresentadas pelo autor. O livro é permeado por exemplificações e opiniões fortes do autor sobre paradigmas estabelecidos pelas supostas leis do marketing e do mercado, numa tentativa de desmistificá-las e, em outro plano, atribuir ao marketing a ética perdida em meio às alterações das demandas das empresas.
O primeiro dos pontos relevantes do texto é a retomada de um assunto pouco mencionado no âmbito mercante: a ideologia das marcas. O autor afirma que toda a marca nasce embasada em um ou mais ideais – e que estes deveriam estar impregnados em toda a comunicação e as decisões em qualquer aspecto inerente à empresa. A partir do exemplo dado da empresa farmacêutica, Vieira critica o modelo by the books dos graduados em marketing, denominados por ele mesmo “marqueteiros”, por tomar decisões e arriscar palpites sem o conhecimento da ideologia da empresa que deveria reger as deliberações da marca.
Aliado ao uso desse termo, Vieira afirma que o tempo transformou as empresas de product oriented para marketing oriented, estabelecendo uma grave falha ética no que diz respeito à qualidade – antes inquestionável – dos produtos. Aparentemente, hoje se valoriza muito mais a propaganda que se faz de um bem do que a própria qualidade do mesmo; essa quebra com a antiga lógica da marca como selo
de qualidade e, ainda, responsabilidade direta do fabricante (que não raramente colocavam seus nomes, sua honra, em seus produtos) representa o início de um “caminho sem volta” em direção à lenta e constante degradação