racismo
Quando Barack Obama assumiu a Presidência dos Estados Unidos, em 2008, sua maior esperança era unir o país. Obama pretendia ser a ponte que ligaria republicanos e democratas, conservadores e liberais, americanos e estrangeiros, e, principalmente, brancos e negros. Num discurso apaixonado, feito quando ainda lutava pela nomeação do Partido Democrata à disputa presidencial, Obama pedia para os Estados Unidos “saírem do impasse racial” e se dedicarem a resolver os problemas sociais. O discurso, intitulado “Uma união mais perfeita”, entrou para a história como o “discurso sobre raça” e deu gás à campanha.
A última esperança de Obama de ser a ponte para unir o país ruiu há duas semanas. Ferguson, uma cidade de 21 mil habitantes no subúrbio de Saint Louis, no Estado do Missouri, meio- oeste dos Estados Unidos, tornou-se o epicentro de um terremoto racial. Em 9 de agosto, o jovem negro Michael Brown, de 18 anos, foi morto pelo policial branco Darren Wilson. Brown foi atingido por seis tiros, dois na cabeça. A polícia diz que Brown era suspeito de furto. A família de Brown afirma que ele não fez nada. No dia seguinte à morte de Brown, centenas de moradores, na maioria negros, ocuparam as ruas da cidade. As tensões cresceram, e uma série de violentos confrontos entre manifestantes e a polícia obrigou o governador do Missouri, Jay Nixon, a anunciar estado de emergência e um toque de recolher.
A violência fez o caso ganhar dimensão nacional. O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, viajou para Ferguson e determinou uma perícia independente sobre a morte de Brown. A visita de Holder, negro, acirrou ainda mais as tensões. O presidente Barack Obama interveio e pediu calma aos manifestantes: “Ceder a essa raiva com saques, o uso de armas de fogo e até o ataque à polícia só servirá para elevar a tensão e disseminar o caos”. As palavras de Obama causaram revolta de ambos os lados do